Em todos os textos anteriores em que eu falei sobre multipotencialidade, o foco era fugir dos rótulos que se tornam títulos desacompanhados. Administradora, ponto. Musicista, ponto. Empresária, ponto. Isso nunca fez sentido para mim e sempre gerou muita ansiedade, porque eu não queria ter que escolher uma coisa para fazer.
Mas a verdade é que eu já não tinha essa opção mesmo. O que existia eram algumas potências reprimidas, que estavam morrendo de medo de se perderem de mim. E eu acredito que a cura para o medo é o acolhimento.
Ser um multipotencial é reconhecer que você é muito, e abrir espaço para uma existência mais verdadeira e autêntica.
Só que falta incentivo para isso, existe uma polaridade comum que descredibiliza quem admite gostar de mais de uma coisa e influência toda uma sociedade: nossas escolhas de carreiras, nossos hobbys exclusivos, nossos relacionamentos. E assim a gente vai excluindo parte daquilo que somos, mas esse comportamento está tão inserido na nossa cultura, é tão esperado que você deixe de lado muito do que quer ser, que às vezes a gente nem percebe que está acontecendo. Paramos a aula de dança, saímos do curso de agricultura, deixamos de pintar vasos aos domingos, esquecemos que gostamos daquilo que a gente acha que não precisa.
Somos chamados de indecisos, mas tomamos a decisão de experimentar. Dizem que não temos foco, e nosso foco é vivenciar tudo que somos. Tentam nos dissolver, mas estamos nos lapidando. Nosso objetivo se chama propósito. Tudo o que gostamos, que sabemos, que já fizemos, compõe toda a obra que nós somos: multipotenciais.
Na prática, isto quer dizer, por exemplo, que uma mãe corretora também pode ser cozinheira e empreendedora se quiser, e justamente o fato dela escolher ser tudo isso, vai tornar a sua visão única. Essa mulher pode ser uma mestra em planejar, em lidar com crises, em convencer, em vender e resolver. É extremamente injusto - e arrisco a dizer impossível - que toda essa bagagem seja descartada.
Não pense que a vida multipotencial é uma nuvem de algodão. Abraçar tudo que se é carrega exatamente o peso de saber o que fazer com tudo isso. Mas eu te garanto que o conforto de ser verdadeiro com você, compensa. E se achar que não tá dando certo, fica tranquilo, como um multi você se adapta melhor do que ninguém ;)
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@meubomcurriculo