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Todas as Coisas Belas são livres

Todas as Coisas Belas são livres
Maiara Mota
Jan. 9 - 3 min read
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Título: Todas as Coisas Belas
Autor: Matthew Quick
Editora: Intríseca
Ano: 2018

Com uma capa bem colorida estilo seção juvenil, Todas as Coisas Belas faz jus ao design adolescente, mas carrega uma mensagem atemporal sobre liberdade.

No livro, a personagem principal, Nanette O’Hare, descreve um clichê de menina meio nerd que não se identifica com o comportamento popular – uma ode a sensação do não-pertencimento, que se manifesta sem pudor, independentemente se você está usando um uniforme escolar ou camisa social e crachá.

“Eu soube que tinha chegado ao fim da infância quando percebi que os adultos na minha vida não conheciam mais do que eu sobre a vida.” (O Ceifador de Chicletes)
 

Ela lê O Ceifador de Chicletes, e fica obcecada. E você, se não tomar cuidado, também fica. Essa obra (que ironicamente só existe no livro) exalta a rebeldia de ser quem se é, um questionamento que te persegue durante toda a história – e provavelmente por alguns dias depois.

“E um dia procurará por si mesmo no reflexo do espelho e não mais se reconhecerá – verá apenas todos os outros. Saberá que fez o que queriam que fizesse. Terá se tornado igual a eles. E vai se odiar por isso, porque será tarde demais.” (O Ceifador de Chicletes)

Achei que alguns transtornos mentais são identificáveis pela descrição, mas não mencionados, o que torna a experiência menos explícita, mas intensamente representativa para quem reconhece os gatilhos. Em dado momento a personagem começa a fazer terapia, e então a narrativa muda de 1ª, para 3ª pessoa. Numa metamorfose sutil da escrita, Nanette começa a contar a história “de outra pessoa”.

“Você é Nanette O’Hare – e tudo bem, porque sua existência representa seu caminho e sua história, e de mais ninguém.” 
 

Para mim, a discussão central é sobre esse paradoxo entre o terror de uma vida não autêntica e o pânico de não ser aceito, e a transição da narrativa te faz vivenciar de maneira quase sinestésica cada cena. A conversa é leve, mas potente. A linguagem torna o livro genial.

 

“Seus pais e os outros vão puni-la caso você escolha ser você mesma e não como eles. É o preço da sua liberdade. A gaiola está aberta, mas todo mundo tem muito medo de sair, porque quem tenta, leva uma pancada, e é uma pancada e tanto. Eles querem que você sinta medo, que fique na gaiola. No entanto, depois de alguns passos fora dali, eles não a alcançam mais, e por isso você já não leva mais pancada. Outro segredo: eles não vão atrás de você porque também tem medo. Eles amam as gaiolas.”


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