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Criação de conteúdo pra redes sociais* e saúde mental: o equilíbrio é possível?

Criação de conteúdo pra redes sociais* e saúde mental: o equilíbrio é possível?
Julia Guedes
Oct. 27 - 7 min read
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O TÍTULO TAMBÉM PODERIA SER: TRABALHO E SAÚDE MENTAL: O EQUILÍBRIO É POSSÍVEL?

 

"Bitch, I'm back by popular demand."

Peguei a frase - em forma de crítica social - da minha querida Beyoncé para dizer: voltei! Na verdade eu nunca fui embora, né? Preciso dizer isso também.

Eu pausei. 

Estive reflexiva nessas últimas semanas e quando isso acontece eu fico no meu casulo, diminuo meu ritmo e concentro o olhar pra dentro de mim. 

Nessas últimas semanas, eu parei pra pensar no que eu estava fazendo nas redes sociais, como eu estava fazendo meu trabalho ali, se minhas ações estavam alinhadas com meus objetivos e qual estava sendo o impacto desse ritmo em minha saúde mental considerando o formato que eu estava seguindo.

Depois de me fazer essas perguntas (e entender se o que eu estava fazendo estava sendo saudável pra mim), percebi que a resposta foi não pra todas elas.

Percebi que a forma que eu estava fazendo não estava alinhada ao que acredito e ao que me fez começar essa jornada. E isso tudo estava me fazendo mal.

O início dos meus questionamentos internos #1

Bem, eu sempre busco me atualizar em relação aos temas que trabalho independente da função ou empresa que estou, sendo minha própria chefa nesse momento isso não seria diferente.

Decidi fazer um curso de Marketing Digital com duas influencers do Instagram pra aprender mais sobre esse universo, a gestão de redes sociais é algo totalmente novo pra mim. 

No curso, as influencers estavam vendendo a receitinha de bolo, sabe? Lógico, esse é o negócio delas. Horários de post, constância, design, "você tem que", "se não fizer isso não dará certo".

E eu tava lá, depois de alguns anos tentando me "desencaixar" e explorar minha autenticidade, me vi tentando encaixar-me mais uma vez.

Claro, peguei boas dicas, mas comecei a perceber que estava me perdendo em mim.

Comecei a perceber que eu estava caindo no conto sexy de "atenção" alheia que as redes sociais oferecem.

Estava caindo também em uma autocobrança sem tamanho, totalmente destrutiva e tudo isso pra que? Pra pertencer ou agradar a algo (nesse caso o algoritmo). Não é pra isso que estou aqui.

O início dos meus questionamentos internos #2

E aí, nessa mesma semana que eu estava fazendo o curso, fui dar aquela zapeada na Netflix e comecei a ver o documentário "O dilema das redes", trailer aqui (se você não viu e se interessa por esse universo digital e o impacto dele nas questões sociais, apenas veja).

Sem spoilers aqui, mas assistir esse documentário me fez refletir sobre meu propósito no sentido de: será que as redes sociais, da forma que os algoritmos estão funcionando hoje e da maneira que o tio Mark Zuckerberg conduz seus negócios conversa com o que quero entregar pra minha audiência e pro mundo?

Eu falo em autoconhecimento, gerenciar emoções, Ansiedade, auto aceitação, saúde mental e no final das contas, as redes sociais, com todo seu vasto universo de conteúdos "Instagramáveis" está justamente destruindo tudo o que eu quero trabalhar a favor.

Minha cabeça deu um nó

Comecei a pensar: "mano, o que estou fazendo?". Em paralelo a isso eu estava em um ritmo bem insano de produtividade, querendo seguir a receita de bolo que comentei aqui em cima. 

Definitivamente não era aquilo que eu queria. Decidi pausar, dar dois passos pra trás pra dar dois pra frente logo mais.

Propósito versus algoritmo

Bem, uma das formas de ver meu posicionamento nas redes sociais, é enxergar essa fatia do meu trabalho como um registro dos meus aprendizados e reflexões.

Através do que vivo, meu propósito é compartilhar conhecimento com outras pessoas que se interessam sobre Saúde Mental e Ansiedade, seja pra conhecer mais sobre esses temas ou pra de fato seguir o caminho de amadurecimento e consciência sobre eles. É atuar no desenvolvimento humano.

E acho que hoje, o Instagram é uma ferramenta democrática e de bom alcance pra fazer isso. Mas não é a única forma também, é bom lembrar sempre disso. Sempre há outras formas de fazer o que você deseja.

Mas sabe o que me aconteceu quando esqueci desse meu propósito aqui em cima e por algumas semanas foquei agradar o algoritmo? Isso potencializou minha Ansiedade.

Sem perceber eu foquei no resultado e não na jornada. Furada, óbvio.

Dizem que cada vez que você desagrada a si para agradar outras pessoas uma parte de você adoece, ou morre.

Mas afinal, o equilíbrio é possível?

Depois de umas semanas de reflexão e desconforto, eu diria que sim, é possível. 

Mas você precisa priorizar cuidar de você primeiro.

Entender se o que você faz te preenche internamente, exercitar não cair em distrações e estar consciente de seus passos, meditar, se exercitar, descansar, pausar sempre (nessas pausas você pode parar e se questionar também), ser franca(o) com você mesma(o) e de novo, pausar ou diminuir o ritmo sempre que for necessário.

Ficar mais tempo off-line do que on-line. Se conectar com o que importa pra ti.

Tudo isso é autocuidado.

Nenhum resultado, nenhum número, nenhuma empresa ou cliente vale mais do que você. Não valem seu desconforto. Leia novamente e repita isso em voz alta.

Hoje, entendo que a produtividade do meu trabalho está diretamente associada com a forma que me sinto, afinal trabalho com criatividade e a gente só cria e dá pros outros o que tem dentro. 

Não acho possível entregar uma mensagem de humanização e equilíbrio pros outros sem que eu esteja com a saúde mental em dia.

Esse momento teve outra coisa interessante, me fez questionar meus valores e olhar pro que realmente importa nessa etapa da minha vida profissional. Número de seguidores ou crescer sem propósito definitivamente não está entre esses valores, isso realmente não me importa.

O que me importa é contribuir com luz em caminhos humanos que estão momentaneamente na escuridão, é levar conhecimento, liberdade mental pra mim e pros outros, é estar no momento presente, ter constância (e construí-la em meu tempo, não seguir uma receita ou o que o algoritmo quer) e levar uma vida de prazer, leve e divertida.

Já fiquei tempo demais presa aos padrões rígidos e não quero mais isso.

A mensagem final aqui é: cuide-se. Não se distraia com coisas sexies em seus caminhos e propósitos. Se há um desconforto dentro de ti, pare e olhe pra ele. Certamente esse sentimento tem algo bem valioso pra te dizer.

Com o coração aberto como um livro,

Ju Guedes.


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