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O criativo e o cético numa reunião comercial

O criativo e o cético numa reunião comercial
Natália Montibeller
abr. 7 - 4 min de leitura
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Eu sou metade engenheira, metade vendedora, e se tem uma coisa resultante dessa mistura é a minha vontade de metrificar as coisas. Não só coisas, mas subjetividades, experiências, sensações.

Conheço uma galera que só entende o mensurável, "sem números, nem fale comigo". Parece que não sente. Parece que o mundo é preto e branco. Melhor: preto no branco! Nada além disso. Também já perdi muito em não esclarecer fatos com dados e talvez por isso meu processo sempre começa por ali. Eu tenho como exemplo dessa persona meus clientes mais práticos, aqueles que numa call comercial eu já preciso começar pelo valor do serviço e depois, em 3 minutos, "explicar o que eu quero". Um desafio.

De outro lado eu conheço uma galera que só faz sentir. É uma galera que leva pro lado sentimental do desejo, que me faz querer algo sem eu raciocinar muito bem. Compro porque sou igual! Muitas vezes chego em casa, faço conta, e me arrependo. Na verdade são os verdadeiros persuasivos, que me convencem sem eu nem perceber a dança. Ao mesmo tempo, tenho a sensação que vivem de fé pois nada é mensurado, tudo é crença e storytelling. Se eu imponho "mas qual a base disso? me mostra os números", a pessoa se embanana e vai buscar um copo d'água, encerrando a boa discussão como se eu realmente não percebesse. Uma persona pra esse caso são os diversos criativos que convivem comigo, muitas vezes sou um deles.

Transitar por esses dois mundos, do prático e do romântico, me fez querer entender o equilíbrio entre eles. Gosto de olhar de fora e ver o choque desse encontro.

Pensa comigo: o criativo faz a sua obra (seja ela um produto, um serviço, uma ideia, ou qualquer algo comercializável), se apaixona perdidamente pela sua criação e vai para a batalha comercial de fazer a empresa que tanto deseja como cliente, comprar o seu produto. A explicação é prolixa, afinal existe amor ali, é algo autoral! A história bem contada faz sentido, cada peça desse gigantesco quebra cabeça foi idealizado com amor, dedicação e fez disso algo inovador, único no mercado. O camarada quer falar do produto e inicia falando da matéria prima, afinal, tudo isso tem muito valor, e não é só financeiro. A reunião era de 30 minutos, já estamos 1h30 aqui.

O único ponto que não foi levado em consideração em todo esse processo comercial, é que o comprador é o meu cliente que citei lá no segundo parágrafo...

Dá pra imaginar a catástrofe que pode ser uma venda como essa? 

Passando e vendo amigos passarem por momentos assim, um dos aprendizados que mais me cativa é o de preencher o gap entre esses dois cenários, ambos extremamente comuns.

O desafio de vender a criatividade é poder extrair o que há de melhor no storytelling e embasar com dados para que compradores sintam-se seguros ao se deparar com o subjetivo. Todo processo criativo ganha mais valor ao ser metrificado.

É claro que o desafio de mensurar nem sempre é cabível, mas ele é fundamental para que pessoas que não estão envolvidas emocionalmente com o processo de criação, entendam o quanto ganharão ao adquirir algo.

Analisar o caminho do meio me faz, há 5 anos, vender ideias criativas. Eu realmente acredito que esse olhar irá ocupar espaços relevantes num futuro muito próximo. E não apenas num cenário comercial, mas em tudo o que quiser se apropriar de um mundo polarizado.


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