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O capitalismo matou a criatividade?

O capitalismo matou a criatividade?
Melissa Orlandin Nunes
Aug. 4 - 3 min read
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Ok, parece uma acusação um pouco séria demais. Mas pensa comigo: como era a economia antes da revolução industrial? Basicamente, tudo era feito à mão, ou seja, todo mundo fazia hambúrguer gourmet.

Não existiam linhas de produção, muito menos McDonalds, e cada um precisava fazer todas as etapas do processo de criação. Quer dizer que tudo o que era produzido, era único! Por outro lado, esse era um tempo de escassez, já que criar qualquer produto e até cultivar plantações dava um trabalhão danado e levava muito tempo. Só quem tinha grana é que usufruía do bom e do melhor.

Daí, com o avanço tecnológico, criação de fábricas, máquinas e linhas de montagem, a produtividade humana explodiu e muita coisa começou a ser produzida rapidamente e em larga escala. Essa foi uma das consequências da revolução industrial, que, bom, revolucionou a maneira como nós criamos e consumimos e sem a qual eu provavelmente não estaria escrevendo esse texto em um laptop pra você ler hoje no seu smartphone, ambos produzidos em uma linha de montagem (na China, provavelmente).

O nosso estilo de vida também mudou. Passamos a ter os dias controlados pelas horas do relógio, que ditavam quando precisávamos acordar, comer, ir ao trabalho, voltar pra casa e dormir. Antes disso, ninguém se importava muito com os ponteiros, afinal, não íamos trabalhar em uma fábrica onde a operação de cada máquina dependia de um funcionário que compunha uma linha de produção onde todos deviam atuar cronometrados. Os mais sortudos passaram a ocupar escritórios que tratavam dos negócios e dependiam do horário comercial.

A forma como consumimos, então, mudou drasticamente. Agora que estávamos produzindo mais, havia mais abundância e menos escassez, e muita coisa ficou bem mais acessível. Mas também era preciso que alguém comprasse e consumisse os produtos. E daí surgiu a ética do consumismo, muitas vezes disfarçado de autocuidado e merecimento. Para onde se olha, hoje, há algum tipo de estímulo ao consumo. E, muitas vezes, consumimos sem pensar, comprando coisas que nem sabíamos que existiam antes de vê-las, como se fosse um passatempo como qualquer outro.

O consumismo consolidou o capitalismo como nunca. E, na minha opinião, tornou tudo muito igual, sem graça, trivial e passageiro. Tanto é, que hoje tudo o que é feito a mão, único, artesanal, diferente e “gourmetizado” é supervalorizado.

 

A criatividade é a nova escassez, e por isso tem sido tão demandada em todos os contextos. E nós, seres criativos por natureza, estamos precisando reaprender a usar a própria característica que nos faz humanos.


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