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O adulto criativo de hoje, é a criança curiosa de ontem

O adulto criativo de hoje, é a criança curiosa de ontem
Maysa Guetner Môro
Apr. 22 - 4 min read
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Esses dias, conversando com alguns amigos, comentei sobre a profissão do meu pai, que é radialista. O engraçado de falar sobre isso é que a maioria das pessoas têm a mesma reação: sério? Ele tem um vozeirão mesmo?

Amante da comunicação, ele ama e dedica muito tempo ao que faz. E sabendo disso, nessa última conversa sobre o assunto, saí com uma conclusão: meu pai trabalha há mais de trinta anos mediando conversas todos os dias, dando voz à pessoas e projetos, escutando todos com atenção, tem interesse por todos os assuntos e não perde o fio da meada entre uma discussão e outra. 

É uma relação ganha-ganha das boas, onde os entrevistados ganham visibilidade e o entrevistador uma avalanche de conhecimento sobre tudo o que é falado no programa. Seria essa a profissão dos meus sonhos?

Cresci dentro da rádio e inserida no universo do esporte, porque além de um programa de notícias, meu pai também narra jogos de futebol amador. Eu adorava ficar do lado de fora do estúdio entendendo a dinâmica dos bastidores. O primeiro aprendizado é que quando o letreiro “No Ar” fica vermelho, é momento de silêncio e ninguém poder entrar. O segundo, e talvez mais importante, é que quando o programa termina não acaba o trabalho, é o momento de ir atrás dos patrocinadores e de coletar até altas horas as notícias para o dia seguinte.

Resumindo, a relação de trabalho exemplo na minha casa sempre foi sem rotina definida ou horário comercial padrão, com muito tempo dedicado às atividades e paixão na execução. 

Sou formada em Engenharia, o que para uma pessoa que saiu do ensino médio com sede de novas experiências, parecia uma boa escolha. E, em alguns âmbitos da vida, foi. A engenharia me deu uma visão diferenciada sobre dados e sobre o mundo dos negócios e das grandes empresas, além de todo o amadurecimento acelerado por morar sozinha. Porém, um questionamento sempre me acompanhou: por que faço o que eu faço se esse universo nem é tão meu?

Todas as minhas experiências profissionais até hoje envolvem mais pessoas do que números. Mais humanização do que robôs. Mais comunicação do que planilhas. Mais Maysa do que Engenheira Maysa... Onde foi que eu me perdi e não consegui mais me encontrar no meio disso tudo?

Sempre gostei de atuar em projetos que estimulam criatividade, que geram conexões, que envolvem arte e cultura, que despertam o melhor das pessoas. Gosto de funções que me possibilitam gerar experiências na escrita, na fala, no olhar… Mas, como transformar isso em trabalho? Será que existe alguma profissão com essa descrição?

Esses dias, atuando com relacionamento de clientes, me vi falando para alguns colegas “preciso melhorar minha comunicação”. E rapidamente veio a imagem do meu pai na cabeça. O melhor professor de comunicação que eu poderia ter está na minha casa e eu tive aulas gratuitas por muito tempo, todos os dias.

Essa reflexão me fez voltar para vários momentos da minha infância e resgatar vários gostos e paixões que eu deixei para trás. A minha “briga” com os números é de tempos, nunca me dei bem com eles na escola. A minha visão de trabalho flexível e a união da vida profissional e pessoal é simplesmente o que eu vivi na minha casa durante dezessete anos. O meu gosto por gente, por histórias e gerar experiências é tudo o que eu aprendi quando curiosamente observava os bastidores da rádio.

De todos os mil insights que tive sobre essa temática, ainda não consegui identificar exatamente como colocar em prática o que eu genuinamente sou boa e que se uniu com todas as experiências que tive até então. Mas há uma conclusão que quero compartilhar: os adultos criativos de hoje são as crianças curiosas de ontem. 

Seria então necessário libertamos nossa criança interior para acessar a nossa melhor essência e colocarmos para fora no formato de trabalho criativo?

Tem feito muito sentido pra mim e me ajudado a ter um direcionamento sobre a minha missão nesse mundo. E pra você, faz sentido? 


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