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Morte x Vida x Criatividade: Oi?

Morte x Vida x Criatividade: Oi?
Pamela de Campos Cândido
abr. 21 - 3 min de leitura
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O primeiro livro que eu li esse ano foi A morte é um dia que vale a pena viver, escrito por Ana Claudia Quintana Arantes. O livro aborda a discussão sobre Cuidados Paliativos aqui no Brasil e, em essência, traz uma mensagem bem importante sobre a nossa relação com a morte. 

Eu me senti desconfortável em vários momentos durante a leitura porque a autora faz questão de colocar em pauta essa conversa difícil que nós não temos com a morte e o sentido que ela pode trazer às nossas diversas travas existenciais.

Escrevendo aqui eu continuo com esse desconforto só por usar essa palavra, tamanho o tabu enraizado que ela representa - confissão da autora.

Encaramos a morte como um fato isolado e evitamos o assunto porque é muito angustiante pensar que temos um prazo de validade, mas ignoramos todas as pequenas (ou não) vezes que morremos ao longo da vida e que, na verdade, são bem mais lamentáveis do que o ato final.

Explico: tenho me questionado bastante sobre o meu potencial criativo, a coragem que, não raro, me falta para dar vida a tanta coisa que eu penso em executar. Eu sei que coisa é um termo bem vago, mas entendam como ideias, negócios, projetos sociais, textos, entre outros. Aqui dentro tem bastante barulho, mas eu acabo deixando o silêncio prevalecer quase sempre, por puro medo de não ser boa o suficiente para ser ouvida. E o que é pior: Tenho certeza de que não estou sozinha nesse limbo entre o abstrato e o concreto.

Algumas personalidades desse universo criativo afirmam que adultos que perderam grande parte da sua espontaneidade são crianças que foram obrigadas a se encaixar em padrões impostos. De educação. De comportamento. De hábitos. A nossa noção construída de certo ou errado sobre lifestyle é um grande equívoco. O único certo possível é aquele que nos permite experienciar nossa versão mais desinibida e sem crenças limitantes. É ou não é?

Eu concordo demais com essa noção de prejuízo criativo entre a infância e a vida adulta, mas, com toda a modéstia de iniciante que me cabe, arrisco ainda acrescentar que o problema vai muito além disso. Nossa primeira grande morte ao longo da vida acontece, sim, antes de nos tornarmos tomadores das nossas próprias decisões, mas a gente se perde mesmo é no durante

Quando precisamos nos agarrar à ideia de ter um salário fixo todo mês.

Quando cursamos uma faculdade que não tem reflete nossa maior aptidão, mas tem o potencial de nos dar um status na vida. 

Quando somos julgados por uma sociedade que ainda acredita que a única forma de deixar um legado no mundo é procriando. 

Quando permanecemos em empregos que, dia após dia, nos matam um pouco mais com seus processos engessados e construídos para transmitir o medo.

Em resumo, morremos um pouco toda vez que abrimos mão da nossa visão em prol da sustentação da verdade do outro. Ou da grande maioria. Criatividade fala muito mais sobre vida do que a própria morte em si.

Dica de conteúdo aqui :)


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