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Modelo de negócio circular – Colocando a Economia Circular em prática

Modelo de negócio circular – Colocando a Economia Circular em prática
Thales Dantas
fev. 23 - 6 min de leitura
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A Economia Circular vem ganhando cada vez mais atenção e espaço entre os mais diversos setores da sociedade.

Para alguns, a Economia Circular é uma tentativa de romper com o com o atual modelo linear que nos colocou em meio à atual crise climática. Para outros, não passa de uma repaginação do discurso sustentável com uma pitada de inovação em busca para maior eficiência dos sistemas. Ainda, outro comum discurso afirma que ela é uma forma de operacionalizar e atingir vários dos objetivos relacionados com a tão aclamada “sustentabilidade”.

Mas uma coisa é certa: a Economia Circular  nos convida e fornece estruturas para repensarmos os processos atuais de produção e consumo, trazendo a redução da exploração de recursos e do risco ambiental para o centro das operações organizacionais.

Mas, e na prática? Se uma empresa decide alinhar seu negócio a esse discurso, ou um novo microempreendedor decide criar uma empresa para solucionar um problema relacionado a esse tema, como isso acontece?

Bom, a Economia Circular representa uma interrupção clara no “business as usual”, e sua implementação bem-sucedida requer mudanças importantes nas atividades econômicas, ambientais e sociais das empresas, certo?

Então, para entender o que isso significa para as organizações e como elas podem adotar estratégias de Economia Circular, devemos examinar seus Modelos de Negócios. Ou seja, sua capacidade de inovar e transformar a forma com que operam.

Segundo um estudo conduzido por uma pesquisadora da Universidade de Lund/Suécia, Modelos de Negócio Circulares podem ser definidos como:

“Modelos de Negócio Circular é como uma empresa cria, captura e entrega valor com a lógica de criação de valor projetada para melhorar a eficiência de recursos, contribuindo para estender vida útil de produtos e peças (por exemplo, através de design de longa vida, reparo e remanufatura) e fechamento de loops de material.” – Fonte: Adaptado de Nussholz (2017).

Ou seja, basicamente são empresas que aplicam práticas circulares em seus negócios. Assim sendo, em geral essas empresas nascem/inovam para resolver um problema relacionado a extração, uso ou descarte de resíduos. As implicações dessa mudança podem ir desde a matéria-prima utilizada pela empresa, sua estratégia de comunicação (cada vez mais empresas comunicam suas práticas e objetivos ambientais visando atrair clientes), até a preocupação com a disposição final dos resíduos.

Ainda, segundo uma pesquisa realizada conjuntamente entre pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos, e Brasil, aponta três principais características de negócios circulares:

  1. Empregam menos materiais e recursos para criar produtos e serviços,
  2. Prolongam a vida útil dos produtos e serviços por meio de reparo, renovação, remanufatura, e reciclagem
  3. Fecham o ciclo do ciclo de vida dos produtos, projetando seu uso no "fim da vida" desde o início.

Fonte: Adaptado de Geissdoerferet al. (2018).

A gama de técnicas e intervenções que podem ser ligadas à Economia Circular é grande, dentre elas podemos citar: Reciclagem, reuso, remanufatura, reparo, compostagem, uso de energia renovável, compartilhamento de espaço e/ou recursos entre empresas, dentre outras.

Dessa forma, não existe uma “regra de bolo” para modelos de negócio circulares, uma vez que empresas são plurais e tem fins e objetivos diversos. O seu diferenciam é seu alinhamento com o discurso e ações relacionadas à Economia Circular.

Entretanto, a fim de apresentar um exemplo, aprofundarei aqui em um dos modelos e negócio circulares que mais tem ganhado atenção nos últimos anos: o Produto-como-serviço (product-as a-service, ou product-service-system).

Esse modelo é  utilizado pela Netflix, Uber, Blablacar, Signify (ramificação da Philips), entre outras grandes empresa. Porém, esse modelo de negócio não se limita a multinacionais, sendo uma saída também para micro e pequenos empreendedores. 

Basicamente, empresas que operaram por meio do sistema Produto-como-serviço não oferecem um bem para o cliente. Elas continuam sendo as detentoras da propriedade, que é “alugada” ao cliente por um tempo determinado via contrato. Dessa forma, não é necessário o cliente ter um bem que vai usar esporadicamente (ex: um carro), sendo que ele pode usar utilizar o serviço prestado por aquela empresa quando quiser.

Essa é uma opção que pode ser entendida como, por exemplo, uma estratégia para diminuir a extração de matéria prima, diminuir a produção de bens, aumentar o tempo-útil dos produtos, e fomentar o compartilhamento de ativos. Porém, não necessariamente configura como uma opção menos ambientalmente impactante.

Mas como assim? Quer dizer que nem todo modelo circular é mais benéfico ambientalmente, ou, em outra linguagem, mais sustentável? Isso, exatamente!

Temos que fugir de greenwashing, que agora vem se expandindo as questões relacionadas à Economia Circular. Não quer dizer que algo é circular, que ele é sustentável. É primeiro preciso analisar o impacto de tudo que é necessário para que um produto ou serviço aconteça, só então podemos avaliar se ele é realmente uma melhor opção.

Uma das principais técnicas utilizadas para isso é a Avaliação de Ciclo de Vida. Mas deixo para explicar sobre esse tema em um outro texto!

Fiquem bem!

Thales.

 

Referências:

GEISSDOERFER, M. et al. Business models and supply chains for the circular economy. Journal of Cleaner Production, v. 190, p. 712–721, 20 jul. 2018.

GOYAL, S.; ESPOSITO, M.; KAPOOR, A. Circular economy business models in developing economies: Lessons from India on reduce, recycle, and reuse paradigms. Thunderbird International Business Review, v. 60, n. 5, p. 729–740, 2018.

NUSSHOLZ, J. L. K. Circular Business Models: Defining a Concept and Framing an Emerging Research Field. Sustainability, v. 9, n. 10, p. 1810, out. 2017.

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