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Liderança Inclusiva. A competência do AGORA.

Liderança Inclusiva. A competência do AGORA.
Viviane de Araújo
Mar. 3 - 9 min read
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Eu compreendi muito cedo a importância das lideranças para o sucesso dos projetos de Diversidade & Inclusão nas empresas. Muito cedo, também, compreendi que eu precisa de um considerável poder de influência e persuasão para engajá-las nas ações planejadas, uma vez que este tema estava longe, muito longe das prioridades na sua agenda, já tão comprometida. Era quase como um favor prestado, sua participação nos treinamentos, diagnósticos ou em qualquer ação que o projeto propunha.

Eu sempre investi na relação com as lideranças, mas confesso que eu pensava muito mais no que a empresa e sociedade ganhariam. No começo era tudo muito etéreo, inatingível, e pra mim, uma idealista entusiasta, era tudo quase que divino.

Mas o que eu tanto idealizava e trabalhava com afinco, começou a se tornar realidade. E com a concretude, veio o grande primeiro desafio – colher o que acontecia com olhar de aprendiz. Fui aprendendo tudo no famoso on the job.

Há 20 anos, não havia referências como pesquisas, bibliografias, business cases. O repertório de argumentos para o tema era pequeno e tinha pouco eco. No Brasil, contávamos apenas com o Instituto Ethos, que nasceu no final dos anos 90 e criou o conceito de Responsabilidade Social Empresarial. As empresas que se conectaram com a proposta de gestão mais ética e responsável passaram a ter o Ethos como parâmetro, e então, ‘colaram’ seus projetos de Diversidade & Inclusão à este conceito. Eu, felizmente, trabalhava em uma delas.

Com a máxima ‘trabalhe com o que você tem’, comecei a turbinar meus argumentos para convencer as lideranças a embarcarem nessa aventura. Era realmente uma aventura, pois mesmo com projetos desenhados e planos traçados, tínhamos consciência de que tudo poderia acontecer. E, acredite, aconteceu de tudo.

Entre experiências fantásticas e desastrosas e um universo de aprendizados, um aspecto começou a me chamar a atenção: as lideranças que se envolviam com as iniciativas de Diversidade aceleravam o desenvolvimento de skills cada vez mais relevantes e exigidas em um bom líder como, por exemplo, visão sistêmica, comunicação, simplicidade, adaptabilidade, flexibilidade, engajamento, empatia, inteligência emocional, gestão de conflitos e resiliência. Comecei a perceber que as lideranças ganhavam muito quando se permitiam viver na sua jornada, as experiências inerentes à valorização da Diversidade & Inclusão

Além de conectar com uma gestão mais ética e responsável, ao longo do tempo, as organizações foram posicionando o tema com as estratégias de sustentabilidade, como diferencial competitivo, relacionando-o a ambientes mais criativos e inovadores e fator potencial para o aumento da sua performance. Mais recentemente, o tema ganhou valor na agenda de humanização do ambiente de trabalho como aliado na garantia da segurança psicológica dos das pessoas. E tudo isso foi proporcionalmente caindo no colo das lideranças, como responsabilidade.

A liderança sempre foi (e continuará sendo) o elo entre a estratégia e a execução de qualquer organização. É ela que liga o que se deseja e decide com precisa acontecer. E o resultado disso depende, cada vez mais, da sua capacidade de engajar, desafiar e desenvolver as inteligências que compõem o seu time. São elas que fazem acontecer.

É aí que chego ao cerne da nossa conversa.

Quem são os talentos, as pessoas com real potencial realizador que estão compondo os times? Quais critérios estão sendo utilizados para a escolha dessas pessoas? O que não era considerado e agora é extremamente importante como atributo profissional? Como não favorecer ou desfavorecer alguém com avaliações tendenciosas? Como acessar o melhor de cada profissional?

Num mundo em acelerada mudança, onde se buscam os melhores talentos – e estes podem estar em qualquer lugar, incluindo lugares onde as empresas não costumam buscar – e os atrativos de atração, retenção e recompensa não se resumem mais a salário, benefícios e participação nos resultados, este é um grande desafio. E as lideranças precisam de ajuda.

O caminho exato pelo qual devem trilhar neste novo contexto, ainda é desconhecido, mas não tenho dúvida que seu “GPS” será o desenvolvimento da competência LIDERANÇA INCLUSIVA.

Mas o que é Liderança inclusiva? É capacidade de uma liderança de formar times altamente diversos, garantir que esses times trabalhem bem juntos, e assegurar a todas as pessoas a igualdade de acesso, oportunidade, suporte e recompensa.

É um baita desafio porque, até pouco tempo, o padrão de formação de um time era a homogeneidade. Quanto mais parecidas as pessoas fossem, principalmente com a liderança, melhor. Esta homogeneidade se estendia para a escola de formação, o background profissional e as experiências de vida. Ninguém se sente seguro o suficiente para quebrar esse padrão. Está todo mundo aprendendo.

Mas hoje, com duas décadas de gestão do tema, felizmente, nós já temos referências conceituais sólidas, para balizar esse novo trilhar de caminho e facilitar o desenvolvimento deste novo e essencial skill.

O livro The 5 Discipline of Inclusive Leaders: Unleashing the power of all of us, – As 5 disciplinas de Líderes Inclusivos: libertando o poder de todos nós – em livre tradução, é uma dessas referências. Ele foi escrito com base numa pesquisa realizada pelo Korn Ferry Institute, dos Estados Unidos, e avaliou qualidades essenciais de líderanças inclusivas.

Os autores Andrés Tapia e Andrina Polonskaia, defendem que, para construir um trabalho sustentável de Diversidade & Inclusão, as organizações precisam ter líderes inclusivos em todos os níveis. Como eu concordo com essa defesa!!! Fazia tempo que queria escrever sobre isso e este livro está fervilhando minha mente. Muita coisa que, empiricamente, eu vejo há muito tempo, está formalizado nesta obra.

Eles apresentam alguns traços naturais de uma liderança naturalmente aberta às diferenças, no entanto, afirmam que, embora esses traços sejam facilitadores internos, não são suficientes para tornar uma liderança inclusiva. Para liderar de maneira inclusiva, é preciso desenvolver o que eles chamaram de cinco disciplinas que apresentam neste desenho:

Eu adoro um desenho! Seja para explanar um conceito, uma ideia ou uma lógica, um desenho salva a vida (vício de consultora rsrsrs). E esse desenho está expetacular! Um diagrama que parece uma mandala, quase como um círculo mágico, lindo e didático.

No centro apresenta os traços naturais – autenticidade, resiliência emocional, autoconfiança, curiosidade e flexibilidade – e nas bordas, as 5 disciplinas com as competências que devem ser desenvolvidas em cada uma delas. Anota em algum lugar, tira um print, mas não deixa de registrar que uma liderança inclusiva:

  • Constrói confiança interpessoal –  adota perspectivas que diferem das suas; é honesta e autêntica.
  • Integra diversas perspectivas – considera todos os pontos de vista e necessidades e gerencia bem situações de conflito
  • Otimiza talentos – engaja, apoia e desenvolve talentos, une forças e colabora para o sucesso coletivo
  • Aplica uma mentalidade adaptativa – tem uma perpectiva global das coisas, se adapta às situações e cria novas abordagens
  • Gera transformação – tem coragem, persuasão e traz pessoas para alcançar resultados.

As 5 disciplinas e suas competências são aprofundadas em cada capítulo do livro com histórias de como foram colocadas em ação e os resultados que produziram. Sou suspeita, mas vale muito a leitura. É um guia conceitual e prático para inspirar, desenvolver e acelerar grandes transformações.

Eu decidi escrever sobre esse assunto, porque organizações de diferentes segmentos, portes e mercados estão investindo cada vez mais em Diversidade & Inclusão, e tem sido natural o entendimento da importância das lideranças para a entrega das estratégias desenhadas e a geração de valor para os negócios e para as pessoas.

O mundo está cada vez mais conectado e interdependente e tudo o que é relevante, acaba chegando até nós, principalmente se nos colocamos como contribuição ativa para indivíduos, grupos, organizações, negócios e sociedades.

Em alguma medida, eu, você e todas as pessoas desempenhamos um papel de liderança, independentemente de uma posição formal. Então, para tornar o que você leu até aqui mais útil e funcional para a sua vida, eu encerro essa conversa propondo um desafio:

Identifique no seu ambiente situações que demandam algum (ou alguns) dos atributos de uma Liderança Inclusiva e tente reconhecer como seus comportamentos e atitudes respondem à estas situações. É um exercício simples que pode dar sinais do quanto esta competência já entrou na dinâmica da sua vida, mesmo que ainda não tenha sido nomeada. E conhecendo os sinais, você já pode dar os primeiros passos e começar a se desenvolver.

Afinal, se Liderança Inclusiva é a competência do agora, o agora precisa de você.

Um abraço cheio de alegria!

Vivi ;)

 

 

 


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