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Como as escolas sufocam a criatividade

Como as escolas sufocam a criatividade
Marcelo Ghizi
May. 3 - 5 min read
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Já reparou que muitos jovens que parecem muito tímidos e introvertidos nas aulas ou em casa ficam muito à vontade nas redes sociais e nos jogos online? Nos ambientes digitais online, eles são protagonistas, são autores e sentem-se à vontade para falar, twittar, postar, comentar e compartilhar qualquer coisa que eles julguem interessante.

Não há exagero em afirmar que as escolas sufocam a criatividade. A educação como conhecemos hoje, intimida o estudante e sobrecarrega o professor. Se por um lado o professor é visto como uma autoridade que tem as respostas e dita as regras, aos estudantes resta o dever de obedecer e fazer o que é certo, porque eles sabem que estão sendo avaliados e são lembrados disso o tempo todo. 

O estudante precisa de autonomia para participar do seu processo de aprendizado e assumir a responsabilidade de buscar meios de adquirir conhecimento. Isso não significa deixar ele decidir ou escolher tudo, mas sim, estabelecer um modelo colaborativo, onde professor e aluno sentem-se mutuamente responsáveis pelo desenvolvimento de habilidades e pela construção do conhecimento. 

No livro Somos Todos Criativos, o autor Ken Robinson destaca que os sistemas de educação que predominam ainda hoje, surgiram principalmente para atender às demandas da Revolução Industrial. Seguindo a lógica dos processos industriais, estes sistemas educacionais foram criados para oferecer uma formação em massa, que ignora muitos aspectos fundamentais da essência humana.

O tempo passou e a humanidade já presenciou quatro revoluções industriais. Os desafios desta era de inteligência artificial e machine learning são outros, mas as escolas ainda não se adaptaram para desenvolver habilidades como: criatividade e colaboração que, até onde sei, nenhuma máquina possui. 

E esse cenário não vai mudar enquanto educadores continuarem insistindo em educar da mesma forma como foram educados. Para a maior parte dos estudantes, a escola é um ambiente hostil, que pune o erro e inibe a participação. A professora e pesquisadora Anitra Vickery, defende que é preciso transformar a escola em um ambiente de confiança, promotor de debates, criatividade e reflexão que estimule o aluno a correr riscos por meio de sua exposição e opinião. 

De que adianta estabelecer metas e médias bimestrais, quando sabemos que uma nota vermelha em matemática pode não significar nada para a formação de um jovem que deseja ser dançarino, por exemplo?

Para ser criativo, é preciso abraçar o erro. Para Ed Catmull, cofundador da Pixar, erros são a consequência inevitável de se fazer algo novo, mas escolas e professores estão muito preocupados com notas e avaliações, e essa preocupação só aumenta a competição e a ansiedade dos estudantes. 

Pesquisa do Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann aponta que o percentual de alunos sem motivação para estudar saiu de 46%, em maio, e chegou a 54%, em setembro (2020). Os gestores estão muito preocupados com o aumento descontrolado da evasão e da falta de interesse dos estudantes, principalmente nas aulas online e no ensino híbrido.

Apesar de algumas escolas adotarem modelos de ensino criativos e inovadores, muitos professores continuam planejando suas aulas com base em modelos tradicionais muito parecidos com os utilizados pelas escolas que eles frequentaram quando crianças ou jovens. 

Sabemos que existem diversas formas de inovar em sala de aula e que o desafio de envolver o aluno é diferente em cada idade e também vai depender das diretrizes curriculares de cada instituição de ensino, mas uma coisa é certa: as escolas precisam ser mais democráticas, estimulantes e atrativas se não quiserem continuar deixando de ser uma prioridade para os estudantes. O educador precisa estar disposto a mudar seu modelo mental e a empoderar seus estudantes fazendo com que eles participem ativamente da elaboração de atividades e sistemas de avaliação.

Não precisamos inventar atividades extraordinárias ou não convencionais para transformar a escola em um ambiente que estimula a criatividade e a inovação. Em entrevista publicada recentemente no portal Terra, Fernando Reimers, especialista em educação internacional e professor da Universidade Harvard, afirma que a aula ao vivo não é a melhor forma de ensinar durante a pandemia. Não? Como assim? Existe outra forma? Qual seria então? Vamos pensar juntos.

É possível começar utilizando práticas comuns de maneira diferenciada para os estudantes que estão online e para os presenciais. Rodas de discussão, pesquisas e atividades em grupo, sala de aula invertida são algumas propostas que podem ser intercaladas no ensino híbrido. Enquanto os alunos que estão em casa realizam pesquisas sobre um tema, os que estão em sala de aula participam de debates em grupo sobre o mesmo tópico. Num segundo momento, os que estão em casa entram online, combinam seus hiperlinks e descobertas com os estudantes e com o professor. Isso é só uma possibilidade, tenho certeza que conseguimos encontrar juntos, muitas outras formas de inovar no ensino híbrido, mas é preciso fazer isso logo.

Quer saber mais sobre Criatividade aplicada à Educação? Entre na @criosfera.br, um ambiente onde se pensa e se pratica a criatividade de forma aplicada, como uma habilidade que pode, e deve ser desenvolvida, por quem faz a educação.


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