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Às vezes dá em nada, ou, "dá em tudo"!

Às vezes dá em nada, ou, "dá em tudo"!
Melissa Nattrodt Monteiro
dez. 7 - 4 min de leitura
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Devia ser 1990 talvez, eu tinha uns 10 anos. A missão da aula de Português da Professora Cidinha era uma Redação. A minha ficou incrível e foi parar numa espécie de "Mural da fama" da escola (e dos avisos gerais também), numa área de passagem onde ficava a lanchonete. Fui engraçada, contei muito bem a história que inventei, fui criativa demais. Já com os números, nem tanto. Não era boa "o suficiente" em Matemática e hoje percebo que as Exatas esculhambaram a minha vida todinha. Porque a "inteligência" era medida pela nota de Matemática desde a primeira série do primário, quando a gente ainda nem escrevia quase nada. Se somasse bonitinho era esperto, e, se fizesse de cabeça, ah... aí era um gênio!

Acontece que eu fiquei vivendo num limbo desde a infância por conta desses conceitos e, claro, da minha personalidade que absorvia isso tudo de uma maneira tão profunda que me fazia carregar "fardos" maiores do que essas formigas que suportam até 100 vezes o peso do próprio corpo. Porém, ao contrário das formiguinhas que percorrem, por dia, o equivalente a dezenas de quilômetros para nós humanos, eu fiquei paralisada. Não saia do lugar, literalmente. Os passos que dei eram meio que em círculos, estava sempre voltando e voltando e de novo. Se isso me fizesse feliz e plena, problema nenhum. Mas a sensação de fracasso a cada volta completada era 100 vezes maior do que o meu próprio peso.

Depois de um tempo esse corpo, o físico, já não aguenta mais e adoece. E é aí que a maioria de nós percebe que o "corpo emocional" estava em apuros há muito tempo. Carregando na pele, nas articulações e no fígado todos esses anos dedicados inteiramente ao que eu não gostava ou não sabia ou não queria fazer...pedi "falência". Não, eu não tenho uma empresa. Mas eu fiz uma apuração e venda de alguns "bens internos” para poder arcar com o pagamento das minhas dívidas emocionais acumuladas esses anos todos. Foi quase um mês inteiro na cama sem forças para nada pois, não tenho o preparo físico de uma Formiga, e eis que recomeço algo que teve início lá em 90, nos meus 10 anos de idade.

Após anos em uma Universidade, outros em curso técnico, mais uns tantos para empreender de verdade, volto para aula da Prof. Cidinha. Tô escrevendo. E, ao contrário das outras coisas que tentei fazer, não batalhei por nenhum Certificado que diga que estou apta a exercer esse serviço. Percebo também que talvez esteja prestes a derrubar outro muro levantado desde muito cedo: "Dinheiro justo e honesto de verdade, não existe. Porque o lucro, assim como as Exatas na minha vida, escangalha tudo". De repente, receber dinheiro por um simples texto escrito fez mais sentido do que muitas ideias de negócios sociais que tentei criar. Ainda quero ter um negócio desses, mas, quem sabe vai ser mais com palavras do que com “pesos” 100 vezes maiores do que o meu próprio?   

Sessões de análise, jornadas de autoconhecimento e terapias diversas com certeza me trouxeram até aqui. A coragem foi um pouco da Astrologia (com curso e Certificado, by the way), junto com um tom místico e divertido que eu preciso para, se não “seguir reto toda vida”, tornar esses círculos um caminho mais agradável de percorrer, e repetir e repetir, de novo e de novo.

Olhar para o jeito como a gente cozinha, costura, dança, conserta uma coisa aqui e ali, como brinca com um ser humano de 1 ou 90 anos, pinta paredes, conta piada, canta, escreve, mistura água, álcool e restos de sabão para fazer um limpa tudo em casa, pode dar muitas pistas, talvez não do que vai te deixar “rico”, mas do que pode te fazer sair daí desse lugar de onde não queres mais ficar, viu?

Arte: Melissa Nattrodt Monteiro


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