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Aprendizagem organizacional revolucionária

Aprendizagem organizacional revolucionária
Alex Lima
fev. 4 - 9 min de leitura
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Não de agora, o Fórum Econômico Mundial elenca características que serão mais buscadas nos perfis profissionais nos próximos anos (o link acima é de 2016 e, como sabemos, 2020 chegou). E, não de agora também, a Criatividade é a ponta da flecha. O Linkedin no início de 2020 também soltou mais uma confirmação desta tendência que não é tendência (link datado de 2019 colocado propositalmente). Perfeito! Criatividade é cool!

Bacana a valorização desta característica tão importante para diferenciação de negócios, ainda mais hoje em dia onde a qualidade técnica ou qualquer benefício racional é facilmente igualado, restando o preço final como valor fundamental para decisão. Em muitos casos, o único. 

Dentro deste cenário, estão os líderes organizacionais. Alguns que aprendem muito e desaprendem pouco. Eles que certamente estão atentos à mudanças comportamentais em ambientes de trabalho e prevendo a valorização de ambientes criativos antes do lançamento destas informações pelo Fórum Econômico Mundial, já se anteciparam: Escorregas e piscinas de bolinhas de um lado e, no outro, o quarto para dormir junto com seu cachorro enquanto você pode ir fantasiado jogar aquela partida marota de ping-pong. Depois do horário de trabalho, claro. Cool!

Mas é isso que faz um ambiente criativo? E o processo interno? E a criação e geração de novas idéias, a remodelagem de negócio, as formas de relação e trabalho, a possibilidade de repensar a própria função, as formas de confortar e confrontar uma ideia diferente? Como gratificar quem foge às regras, como valorizar quem é contra o status quo? Há um olhar sério e estimulante para este ponto atualmente onde você executa suas funções ou a promessa é maior do que a entrega?

Da organização burocrática (Max Weber), passando pela organização baseada no desempenho (Peter Drucker) chegando na organização aprendiz (Peter Senge), onde você se encontra? Senge, diz que "as melhores organizações do futuro serão aquelas que descobrirão como despertar o empenho e a capacidade de aprender das pessoas em todos os níveis da organização" (SENGE, 1990). Detalhe, em 1990 ele olhava para frente e falava sobre desaprendizagem empresarial.  Obviamente, não só ele. Obviamente, não só em 1990.

Celso Campos no seu livro A organização Inconformista (2001), propõe a "construção de capacidades individuais para criar e romper barreiras, no intuito de liquidar com as maneiras habituais de pensar e agir". 

A criatividade organizacional não está no ambiente, está no comportamento. Não é o físico, é o pensar. Não é o tangível, é o ser. Ajuda sim ter o espaço pronto para a circulação e geração de ideias, claro. Mas não é apenas sobre isso. Não é o grafiti na parede ou a cerveja gelada. É também sobre a circulação de ideias DIFERENTES DAS SUAS. E confrontá-las, e confortá-las. E saber exatamente o que fazer com isso, sem o medo de uma decisão. Cair do salto ou subir no palco tem o mesmo peso, ficar como está não. Se é pra entrar no jogo, ficar parado é entrar perdendo com o time reserva machucado. 

É, também, sobre como boa parte da liderança atual está, de forma geral, analítica e conservadoramente distante de reais resoluções realmente criativas. De como seguimos tendências sem nem nos questionarmos que a busca pela criatividade no outro deve começar primeiro por sí. Como aceitar soluções fora do padrão sendo regido e controlado pelo processo de sempre? Como conviver com o comum, com o tradicional e com o possível de ser feito podem te estimular a ENTREGAR o incomum, o novo e o impossível? Essa deveria ser a busca dos líderes atuais. Reger-se apenas por números já os torna obsoletos e completamente substituíveis. Desculpe a franqueza, mas o líder atual não é mais um maestro, é o brother que toca jazz. Ambos tem seus valores, mas enquanto um controla, o outro se mistura. Um comanda, o outro dá uma deixa. Um segue o livro, o outro improvisa. Os dois podem ser necessários hoje, amanhã já não sei. Qual deles é você? 

O que quero dizer é: não adianta em nada uma empresa contratar criativos com o objetivo claro de repensar sua função atual se não há espaço para que o novo floresça. Se ao apontar novos caminhos a pena venha maior que o ganho. Se o objetivo é seguir tendências e ter um ambiente descolado, ok. Mas ter na criatividade apenas uma visão marketeira e vitrinista em nada será positivo.  Pelo contrário. Expectativas sendo criadas onde fatalmente pouco se concretizará, além de frustração. 

 

"A necessidade de inovação é bem compreendida. É lugar comum agora para líderes enfatizar a importância crítica da criatividade e inovação para o futuro de suas organizações. Gerentes que acreditavam que apenas fazer as mesmas coisas de forma mais rápida ou mais barata seria suficiente para o sucesso (ou mesmo para a sobrevivência) agora reconhecem que esta abordagem é insuficiente." (SLOANE, 2007) 

 

E na necessidade mercadológica cada vez mais ressonante de que criatividade é uma das principais ferramentas de geração de diferenciação, valor e renda, onde estão os líderes não criativos? No limbo.  Os líderes inseridos neste novo contexto devem ser capazes de construir espaços que permitam expandir sistematicamente a capacidade de "entender a complexidade, definir objetivos e aperfeiçoar os modelos mentais, ou seja, eles são responsáveis pela aprendizagem organizacional revolucionária" (CAMPOS, 2001).

Uma das maiores funções das lideranças empresariais atual não é apenas contratar criativos.  É estimular para que quem já esteja dentro desperte seu potencial criativo indo, obviamente, muito além dos super-heróis de post-its na parede. Ser criativo em um ambiente avesso ao novo é quase uma forma de tortura corporativa. Atrair sem confortar é jogar dinheiro, tempo, recursos e, principalmente, energia criativa fora. E atrair sem abrir espaço para confRontar o diferente não é estar aberto ao novo.

Logo, o primeiro passo de uma empresa que busca por criativos é buscar internamente a criatividade e estar disposta a se repensar de forma contínua para, aí sim, caso necessário, esperar de fora a ajuda para algo interno.  Ou não? Não trabalham com você pessoas extremamente criativas que poderiam ter sua criatividade potencializada e usada, também, em benefício do trabalho? A questão é: quais são os líderes hoje que realmente estão extraindo/potencializando/estimulando/lucrando/ auxiliando/promovendo/valorizando a criatividade de sua equipe? Quais tem habilidades e conhecimentos para "gerenciar" (isso, entre aspas mesmo) equipes e processos criativos? E destes, quais os resultados diferentes que se tem?

Talvez você conheça poucos líderes realmente criativos, mas certamente percebe que, de uma forma ou de outra, a criatividade (e o que você faz com isso) poderá ser a próxima métrica de valorização profissional . E entender que não precisa metrificar a criatividade, já o deixa apto para o um gigantesco passo: poder errar. Você pode errar hoje?  Se não, de onde você cria o novo senão do teste?

 

"O mundo dos negócios já se lançou em uma nova luta. As antigas buscas - capital, matéria-prima, tecnologia de processos - continuam eternas. Mas hoje as empresas buscam uma nova vantagem - delicada, perigosa e absolutamente virtual - a vantagem da criatividade. O foco da história humana evoluiu do solo, das chuvas, do ferro e do carvão. Agora trata da química do cérebro e das pessoas cujos neurônios funcionam mais rápido e melhor. Estamos superando a preocupação com o físico e o financeiro em prol da preocupação com o puramente humano - imaginação, inspiração, engenhosidade e iniciativa."  John Kao, 1997.

 

Quais são os métodos, estratégias, processos que permitem hoje o seu trabalho ser mais criativo? Quais são as rupturas necessárias para a expansão do nível criativo de uma equipe? Quais são os conflitos controlados que estão gerando insights inovadores para o seu negócio?  Em épocas de profundas mudanças políticas, financeiras, culturais, econômicas, tecnológicas e blábláblá, se faz extremamente necessário gigantescas doses de imaginação criadora. E doses que devem ser injetadas em todo corpo empresarial organizacional, em cada membro, em cada órgão, em cada célula.

Multipliquem as células criativas, elas tem a capacidade de aprender sobre como gerar uma revolução organizacional nesse seu corpinho carcumido pelo tempo. ;)

 


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