Segundo o belíssimo texto do Rubem Alves, “A complicada arte de ver” (https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u947.shtml) precisamos educar o nosso olhar para ver além do óbvio que coisas e situações se apresentam a nós.
Também já é um clássico do desenvolvimento criativo, o jargão “pensar fora da caixinha”. Como trabalhar esse olhar? Como construir um repertório mais diverso?
Além do olhar, temos outros 4 sentidos e como humanos os processamos conjuntamente. Às vezes um determinado olhar pode nos remeter a um cheiro, um som, um gosto ou uma sensação na pele, e assim acessamos uma memória... o nosso repertório.
Ao sair da rotina, do nosso caminho diário, do nosso local de trabalho, ao sermos apresentados a um cenário diferente, nossa mente já começa a trabalhar de forma criativa, somente por precisar acionar o mecanismo da adaptação ao novo.
Frequentar espaços de arte é uma grande oportunidade de chacoalhar os sentidos, principalmente pra quem ainda não tem esse costume. No momento, por causa da pandemia, a maioria dos espaços de arte, públicos e privados estão fechados, mas muitos deles tem acervo online e visitas virtuais. Diversos artistas tem disponibilizados vídeos em seus canais, é uma boa hora para degustar novas experiências.
E ao voltarmos à abertura dos espaços, procure ver tudo ao vivo, onde as sensações se fazem presente! Visite uma exposição de artes visuais, mesmo que, a princípio ache tudo estranho. Vá a um espetáculo de dança, ainda que alguns movimentos dos bailarinos possam te incomodar. Procure um show de outro tipo de música, daquela que está acostumado a ouvir e veja como o artista toca seu instrumento, como respira enquanto canta!
Ressalto uma citação do poeta E.E. Cummings no texto de Rubem Alves, citado acima : "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordam e agora os olhos dos meus olhos se abrem".
Teresa Mas
gestora do Instituto Pavão Cultural
Campinas-SP
@pavaocultural