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4 passos que vão te ajudar a contribuir para a EQUIDADE DE GÊNERO.

4 passos que vão te ajudar a contribuir para a EQUIDADE DE GÊNERO.
Viviane de Araújo
Mar. 24 - 11 min read
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Estamos chegando ao fim de março, o mês em que o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher.

Eu gosto de datas comemorativas. Nelas, como sociedade, celebramos o avanço de direitos e espaços conquistados por grupos com histórica desvantagem socioeconômica, refletimos sobre pautas que ainda demandam prioridade e, reiteramos o compromisso em barrar qualquer retrocesso que coloque pessoas, grupos e toda a sociedade em risco.

No tema da mulher, em especial, um assunto que demanda cada vez mais prioridade na pauta da sociedade, em todas as suas dimensões, é a Equidade de Gênero.

A mulher entrou há pouco mais de 100 anos na pauta da sociedade quando deixou de viver exclusivamente para um mundo interno, onde seus talentos e propósito de vida eram direcionados somente ao cuidado da família, e com extrema dependência financeira e emocional de um homem. Decidida a desbravar um desconhecido e intrigante mundo externo, entrou no mercado de trabalho, passou a ter um protagonismo comunitário, começou a sonhar para além dos estereótipos sociais; conheceu a liberdade, a independência e o valor dos próprios desejos e escolhas como forma e força para viver. 

No entanto, tais conquistas não significaram um natural ou automático equilíbrio entre homens e mulheres. Ambos os mundos (interno e externo), foram construídos sob a lógica do homem, pelo homem e para o homem. Portanto, precisam de ajuda para se ressignificar.

Como sociedade, já avançamos muito em comparação com nossa própria história. Hoje, como nunca, o mundo todo está bem-disposto a favorecer o protagonismo da mulher. É um tema que está na concepção e implantação de políticas públicas em diversos países, é uma das grandes causas de movimentos sociais ao redor do mundo e tem conquistado espaço na pauta e nas ações de empresas globais que influenciam comportamentos em todo o planeta.

No entanto, ainda temos desafios inadmissíveis. Um abismo na diferença de oportunidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, assédios de todas as naturezas, as primeiras e mais prejudicadas em qualquer cenário de crise, e o pior, muitas mulheres ainda ceifadas de todo o tipo de liberdade, sofrendo violência de inúmeras origens e vivendo em situações psicossociais desumanas. Tudo acontecendo neste mesmo mundo de oportunidades. É um grande paradoxo. Temos uma longa estrada para pavimentar e precisamos de mulheres e homens nessa obra.

Mas eu acredito que estamos numa transição entre o paradigma da luta feminina, que foi por muito tempo solitária e protagonizada somente por mulheres, para uma intencionalidade coletiva onde, a cada dia, cresce o interesse de homens em contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária.

Hoje, nosso principal parâmetro na Equidade de Gênero no mundo é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU – Organização das Nações Unidas, que faz parte de uma agenda mundial com foco nas pessoas, no planeta e na prosperidade e que busca fortalecer a liberdade e a paz mundial.

O 5°objetivo desafia o mundo a alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas em todos os lugares. De maneira concreta, este, quando alcançado, este objetivo vai equilibrar os acessos, as oportunidades, as contribuições e os reconhecimentos entre homens e mulheres. Nós ainda estamos longe disso.

Governos, empresas, universidades, organizações sociais e pessoas físicas podem ajudar a alcançar esse e os demais objetivos de maneira concreta. Mas na prática, você sabe o que deve fazer para colaborar positivamente com esta agenda?

Compartilho  com você 4 passos efetivamente úteis para o seu dia-a-dia, caso deseje dar sua efetiva contribuição, sendo você, homem ou mulher.

1° PERGUNTE-SE: Como eu vejo, penso e sinto este assunto?

Seja lá qual for o assunto, tudo começa por como você pensa e sente sobre. Com Equidade de Gênero não é diferente. Então, explore-se e faça-se muitas perguntas: O que eu conheço sobre equidade de gênero? O que estou sentindo ao ler este texto? O que me agrada? O que me incomoda? O que eu geralmente falo sobre o assunto? Como reajo ao ver e ouvir alguém falando sobre? Minha visão de mundo conversa com este tema? E por aí vai... Você vai ver que, ao se questionar, vai refletir pela primeira vez sobre muitas coisas e vai começar a colocar atenção à sua mente e ampliar sua capacidade de observação. O que vai ajudar muito no segundo passo.

2° OLHE PARA O SEU CONTEXTO: Em alguma medida, o assunto já faz parte da sua vida.

O tema toca cada pessoa de maneiras diferentes e ganha importância quando chega na nossa vida de maneira concreta. Todos temos um lugar de fala, porque vemos o assunto de algum lugar. O fato é que, pelo amor ou pela dor, espontaneamente ou a fórceps, como curiosidade ou como responsabilidade, em alguma medida, o assunto já chegou até você. O que lhe resta é olhar com atenção e decidir se ele é um problema ou uma oportunidade na sua vida. Sempre é uma escolha.

Este é um tema social e humano e todos nós temos papéis que impactam a vida das pessoas nestes dois campos. Você pode ser uma professora, um pai, uma liderança, um governante, uma esposa, um marido. Pode ser mãe, empresária, empreendedor ou uma tia querida. A verdade é que você é referência para alguém e este assunto pode aparecer envelopado de diferentes formas. Em forma de questionamento, de pedido de ajuda, de denúncia. Em forma de convite ao diálogo, de feedback ou em solicitação de mudança do seu comportamento. Olha que baita oportunidade de aprender e contribuir!!!

É muito importante você olhar para a sua realidade. O quanto ela demanda sua atenção pra isso. Você vai começar a reconhecer necessidades importantes  que vão clamar pela sua reação. Nessa hora você vai perceber que precisa de fundamentos pra agir, o que te levará para o próximo passo.

3° ESTUDE: Conheça conceitos básicos e tenha uma base sólida para dar qualquer opinião.

Somos campeões em dar opiniões sobre o que não conhecemos e não raro, saímos distribuindo bobagens sem fundamento que só atrapalham nossas relações e a leitura assertiva do nosso contexto.

Os conceitos vão ajudar você a compreender os comportamentos sociais e principalmente os seus comportamentos pessoais. Acredite, todos e todas nós precisamos mudar consideravelmente nossas crenças e atitudes para sermos mais úteis na construção de um mundo mais igualitário entre homens e mulheres. O acesso à referências conceituais é um passo importantíssimo.

Sabe aqueles termos que você ouve várias pessoas falando, não sabe direito o que significa, mas até tem alguma opinião sobre? Então... Eu listei alguns deles que considero como ponto de partida para ampliar o seu entendimento sobre o assunto. São conceitos referenciados em manuais acadêmicos e de organizações sociais especializadas no tema, de confiável procedência e com linguagem adaptada para tornar a sua leitura mais simples. 

Aproveito para lhe dar uma dica valiosa: à medida que você for lendo esses conceitos, tente observar os seus comportamentos corriqueiros e avaliar o quanto você está ou não na rota da Equidade de Gênero. É um exercício interessante que pode lhe dar sinais bem claros sobre isso.

Vamos lá:

MACHISMO: crença de que o homem é superior a mulher e, portanto esta deve estar sempre submissa/sujeita ao homem.

SEXISMO: preconceito ou discriminação baseada no sexo ou gênero de uma pessoa. O sexismo pode afetar qualquer gênero, mas é particularmente documentado como afetando mulheres. Tem sido ligado a estereótipos e papéis de gênero e pode incluir a crença de que um sexo ou gênero é intrinsecamente superior a outro.

MASCULINIDADE TÓXICA: comportamento de homens que constrange  mulheres e homens pela exposição exorbitante de virilidade, força, poder, agressividade e sexualidade, excluindo qualquer possibilidade de demonstração de vulnerabilidade ou outras características do estereótipo feminino consideradas frágeis ou intoleradas.

MISOGINIA: ódio ou depreciação das mulheres e, por extensão, de tudo que está associado com os estereótipos tradicionalmente femininos.

MACHISMO ESTRUTURAL:  base da nossa cultura que vai se perpetuando de geração em geração pelos valores e pela moral e que se traduzem em comportamentos e atitudes típicas do machismo. É um comportamento anterior à intenção de discriminar. É consequente de crenças profundas que se materializam em pequenas atitudes que condicionam a mulher às expectativas da moral social vigente, tolhendo-a ou dificultando qualquer movimentação que ela faça para quebrar ou mudar esta moral.

EQUIDADE: Considerar as diferenças existentes nas pessoas para assegurar a igualdade de atenção, acesso, atendimento, e justiça. No caso de gênero, é considerar as diferenças entre homens e mulheres para criação de políticas, programas, procedimentos e abordagens pessoais e profissionais.

FEMINISMO: movimento social e político que tem por princípio a igualdade entre homens e mulheres, e como objetivos derrubar barreiras que dificultam esta igualdade, e construir caminhos para que a mulher possa realizar e contribuir para o mundo como os homens, mas tendo suas características respeitadas. 

Há quem diga que conhecimento é poder. Eu acredito que conhecimento é autoconfiança, liberdade e responsabilidade. Espero que você se sinta um pouco mais confiante, livre e responsável ao se posicionar sobre esses termos e para dar o próximo passo.

4° ATUALIZE O SEU FAZER:  coloque-se como aprendiz e contribua para esta agenda com mudanças concretas nas suas atitudes e comportamentos.

Os passos anteriores são exercícios de ampliação de consciência e de conhecimentos que só terão utilidade se forem colocados em prática. Precisamos quebrar paradigmas e construir diálogos importantes para pautar o assunto com a devida seriedade que ele pede. É essencial termos a ousadia da ação ao mesmo tempo que é essencial a compreensão de que estamos todos e todas aprendendo um novo conviver. Então, os erros serão inevitáveis. Em cada ação podemos aprender lições importantes e desenvolver, momento a momento, competências que nos colocarão à serviço da evolução da sociedade e da humanidade.

O equilíbrio entre homens e mulheres requer mudanças políticas, econômicas, morais e culturais, mas requer primeiro, uma mudança individual, onde cada pessoa se mova colocando-se como aprendiz deste novo paradigma que clama pela complementariedade das inteligências do homem e da mulher.

Utilize o seu contexto como terreno fértil para promover mudanças estruturais em você e, por consequência no mundo à sua volta. Não subestime sua importância. O oceano precisa de todas as gotas para ser imensidão.

Abraços calorosos!

Vivi :)


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