Para onde vai a educação do futuro.
Não dá para começar esse texto sem fazer uma constatação óbvia: falar de educação no Brasil não é nada fácil.
Historicamente caminhamos a passos lentos em direção ao futuro na educação, e justamente por isso se faz cada vez mais necessário o exercício de criar novos cenários e narrativas do que esperamos algum dia acontecer.
Se eu tivesse o poder de cravar como será a educação do futuro, ou o futuro da educação, certamente já estaria aparecendo na capa dos maiores portais do país. Mas, quem utiliza o olhar futurista para enxergar o mundo, geralmente se posiciona mais como alguém que explora e investiga possibilidades com base em mudanças comportamentais, tendências, desafios globais e oportunidades.
Por isso, quando eu digo que falar de educação no Brasil é difícil, e falar de futuro na educação é um tema sensível, faço isso por conta de um fator muito importante nessa equação: o próprio Brasil. Haja desafios para serem superados.
Fácil é saber da realidade desigual que vivemos, pois basta uma pesquisa rápida no Google para ver que o resultado disso, por muitas vezes, são condições extremamente precárias onde até o mais básico pode faltar.
E isso me gera uma dúvida: com qual olhar falar da educação? Oras, com o olhar de futuro.
Não devemos deixar de pensar no futuro que queremos. Pelo contrário: futurismo é sobre construção, e sobre aproximar o máximo possível da realidade todas as possibilidades que podemos construir. É sobre deixar de tentar prever o futuro e começar a construí-lo.
O PAPEL DA TECNOLOGIA?
Por mais que muitas instituições pensem que investir em quadros inteligentes na sala de aula ou plataformas de vídeo será o caminho do futuro, é melhor refletir sobre isso.
Ainda que computadores, celulares e internet boa ainda não sejam uma realidade para muitos brasileiros, temos bons motivos para acreditar que a tecnologia utilizada como ferramenta pode auxiliar muito no empoderamento e no acesso à informação de qualidade. E de fato, ela ajuda muito.
Mas ao mesmo passo em que ela auxilia e acelera muitos processos, torna visível investimento em inovações ferramentais, basta uma simples análise para perceber que o verdadeiro potencial de transformação está na forma de fazer, na criação de novos sistemas, e na percepção de entender como as tecnologias poderão ser utilizadas de maneira estratégica, até mesmo em um modelo de ensino online, por exemplo.
No fundo, as condições determinantes para a inovação sempre são pessoas + criatividade resolvendo problemas complexos. Se tiver o auxílio da tecnologia acelerando tudo isso, melhor.
Por isso, defendo que é hora de deixarmos um pouco de lado as centenas de ferramentas e colocarmos nossa cabeça a pensar de forma mais sistêmica em novos conceitos: como será a nova sala de aula? Como se dará o estudo remoto? A educação híbrida? Qual é o papel das avaliações? Como podem ocorrer melhores trocas entre professores e alunos? Como fomentar uma aprendizagem mais ativa? Como as pessoas poderão aprender em diversos canais e de qualquer lugar do mundo?
Muitas perguntas complexas, e que não são respondidas com soluções simples.
Se estamos em transição, o ponto aqui é entender como iremos evoluir para esses ambientes de aprendizagem mais colaborativos, inclusivos, multidisciplinares, distribuídos, de troca e baseados na construção dos conhecimentos alinhados com os tempos atuais, envelopados num formato atual.
E o descobrir como fazer só acontece de uma forma: a coragem de fazer testes, de quebrar a lógica tradicional e pavimentar novos caminhos a partir disso.
Você não acha curioso que as salas de aula tenham a mesma formatação há décadas? Nós provavelmente estudamos em salas muito parecidas com as salas de aula que nossos pais estudaram. Ou você não acha curioso que a padronização de fileiras ou uniformes seja mais cuidado que um conteúdo defasado?
Por essa linha de raciocínio, simplesmente repetir no ambiente virtual (EAD) todo esse formato criado anos atrás não faz muito sentido quando falamos em criar a educação do futuro. Ou faz?
É necessário redesenhar nossas experiências de ensino e aprendizagem, pois claramente isso será um respiro não só para alunos, mas também para todos os professores e professoras. E se o futuro caminha para o digital, o ensino “à distância” precisa se tornar um ensino mais próximo, personalizado, aberto e que cria um amanhã melhor.
Mais do que falar, é importante fazer e apoiar quem cria o futuro. Me conta aí, você conhece alguma iniciativa que já esteja trabalhando nessa área?
Quero conhecer também para explorar ainda mais esse tema com exemplos práticos. Espero que essa provocação tenha te despertado coisas boas.
A gente se vê no futuro, até.
@lucasdieter