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A Soft Economy é a nova realidade

A Soft Economy é a nova realidade
Victor Maués
May. 7 - 7 min read
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O mundo está em um rico processo de mudanças, mas sinto que quando falamos isso soa como se o mundo estivesse mudando por si só, parece que surge algo do nada. Na verdade, nós que estamos mudando, pessoas com novos comportamentos estão transformando a realidade, e estes comportamentos estão sendo influenciados, principalmente, pelas tecnologias. A internet tem sido o arquétipo que está moldando a nova mentalidade comportamental das pessoas, mudando nossa forma de nos conectar com outras pessoas, com o trabalho e com o mundo.

Alvin Tofler e John Durant dividem a história em 3 grandes Eras: Agrícola, Industrial e Digital.

Levando em conta essa interpretação histórica, pode-se dizer que a maioria de nós foi educada sob a ótica da Era industrial, e estamos vivendo o cenário de incertezas por estarmos vivendo a transição e início do “reinado” da transformação digital, que já é uma realidade, mas um processo inacabado.

A partir do momento que a lógica digital passou a fazer sentido para a sociedade, iniciou um grande conflito ideológico com a lógica industrial. É nesse contexto que surgiu a Soft Economy, a economia leve, que foi originada pela junção de diversos movimentos na economia, se existe soft people, naturalmente a economia acompanharia essa tendência comportamental.

Por esse motivo acredito que é muito importante entender que a economia tradicional, baseada na lógica industrial, está em seus últimos momentos de existência e que esse é o momento de realizar a transição. Na Hard Economy (Economia dura/pesada) o homem era tratado como máquina, surgindo o Homo Economicus, em que interpretava-se que a única motivação do trabalhador era o dinheiro e sua alimentação, a jornada de trabalho era realizada por longas horas de modo padronizado e repetitivo, as lideranças atuavam com alto controle e microgerenciamento, com foco em resultados e altos lucros, utilizando uma estrutura altamente hierarquizada e segmentada que visava manter o status quo sob a lógica da escassez.

Agora estamos migrando desse modelo, onde tudo era físico, até mesmo o ser humano era fisicamente preso ao seu local de trabalho. Sob o contexto digital o trabalho deixou até mesmo de ser home office para ser anywhere office (trabalho em qualquer lugar). Isso está acontecendo sob consequência da Economia Digital, que desmaterializou e democratizou muitas coisas, inclusive os escritórios. Após a democratização do digital, surgiram muitos movimentos econômicos que estão formando a Soft Economy.

Junto dessa onda de democratização as pessoas passaram a ter acessibilidade a conexão e rede, surgindo uma abundância de informação jamais vista, isso faz com que todas as pessoas no mundo que tenham internet e algum aparelho eletrônico que possa se conectar a web, consigam ter acesso a uma gama diversa de informação, formando a Economia do Acesso.

A disponibilidade de tanto conhecimento gratuito construiu as bases para a Economia Criativa. A criatividade é originada por um grande repertório, o acesso e interpretação de diferentes conhecimentos e informações faz com que nós consigamos realizar combinações e conexões diferentes das outras pessoas, quanto maior o nosso repertório, maior a nossa possibilidade de conseguir realizar combinações originais.

Nessa onda revolucionária na economia, a propriedade, esteja ela desmaterializada ou não, já não tem a mesma importância que anteriormente, há uma abundância de informação relevante, gratuita e com livre acesso a todos. Levando em conta essa mudança do consumo e nos negócios, surgiu uma nova oportunidade de monetização, a Economia Compartilhada/Colaborativa, que já é tão presente em nossas vidas que é muito simples de exemplificar: O Uber é a maior empresa de transporte através de carros e não possui um único carro, Alibaba é líder mundial varejista mas não possui estoque, a Airbnb é a maior empresa hoteleira e não possui um único imóvel. Isso acontece porque as empresas realizam abertura à comunidade, aproveitando as propriedades e os talentos da comunidade para gerar valor.

Pode-se notar como tendência que todos os produtos também se tornarão serviços, a posse perdeu espaço para a experiência desenvolvida. Além de esse movimento ser consequência dos dois anteriores, ele também tem como causa um paradoxo, a escassez de recursos gerou um cenário de abundância, pois após a preocupação com o consumo excessivo e com o meio ambiente as pessoas passaram a compartilhar os recursos que possuem e a colaborar entre si. Por esse motivo todos devem ter cuidado uns com os outros e com a propriedade compartilhada, porque mesmo que você não seja dono, você tem acesso.

Tudo isso se baseia em confiança, esse é o fator fundamental, os usuários precisam confiar na empresa tanto quanto a empresa precisa confiar nos usuários. A gente tem que evitar a narrativa Black Mirror, em que junto do melhor da tecnologia está o pior do ser humano.

A confiança não acontece por si só, ela é construída por reputação, com a tecnologia do blockchain tudo ficará ainda mais transparente, já que essa tecnologia atua como um livro-razão público com dados compartilhados e distribuídos que funciona sem intermediários, realizando registros permanentes e à prova de violação.

Outro ponto que deve ser levado em conta é que as pessoas têm como característica comportamental a vontade de consumir e trabalhar em empresas que possuem propósito e valores similares aos seus. Ao compartilhar valores comuns aumenta-se a confiabilidade.

Soft Economy pode ser entendida como a junção desses novos movimentos da economia: criatividade, acesso, compartilhamento, colaboração e confiança. A soma desses comportamentos gera uma nova lógica comportamental, mais leve, abundante e interessante. A propriedade e o lucro deixaram de ser os protagonistas nessa lógica. Propósito, causas sociais e sustentabilidade têm importância muito maiores, as pessoas já não consomem de determinada marca por ela simplesmente ser a líder do mercado, consomem porque sentem-se inspiradas, motivadas e fazendo parte de algo maior. O trabalho somente pelo dinheiro também diminuiu, já não faz tanto sentido trabalhar em um lugar que não se gosta, passamos a procurar estar em lugares em que nós acreditamos, confiamos e que nos promovem bem estar.

As organizações já não podem olhar apenas para o próprio umbigo, o cliente é peça central, a proposta de valor é em benefício da comunidade. É um caminho sem volta, a Soft Economy é a nova realidade, a abundância é o grande objetivo.


Rotas de transição:

Esse texto foi escrito originalmente para o blog da Tribus Kabana.  Caso você queira saber mais sobre o assunto e como se adaptar à Soft Economy, siga a Tribus Kabana e conheça também a Ligia Zotini, fundadora da Voicers.


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