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DÁ ONDE VEM A LUZ? O PROCESSO CRIATIVO DE FOTÓGRAFOS CEGOS!

DÁ ONDE VEM A LUZ? O PROCESSO CRIATIVO DE FOTÓGRAFOS CEGOS!
Thauan Souza Cazetta
Nov. 11 - 6 min read
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Nos últimos dias venho pesquisando diversos conteúdos de fotografia para aumentar meu repertório de inspirações. Encontrei um documentário chamado: “Luz Escura – A arte de Fotografar”, da HBO (2009). E acredito que essa história deve ser compartilhada aqui.

O Documentário conta a história de três fotógrafos americanos cegos, Pete Eckert, Henry Butler e Bruce Hall. Cada um inserido em nichos diferentes, Eckert faz ensaios sensuais e fotografia publicitária, Butler é fotógrafo urbano e Hall é fotógrafo aquático.

Mas, Thauan, a fotografia é uma arte visual, como eles que não possuem visão conseguem viver da fotografia? Através da maior habilidade que um fotógrafo precisar ter, sensibilidade.

Pete Eckhert vive em Sacramento – Califórnia, usa uma câmera analógica, e ao longo do tempo foi se adaptando a ela, pois perdeu a visão quando era estudante universitário de Arquitetura. Ele já aprendera a tirar fotos antes mesmo de se tornar deficiente. Quando resolveu viver de fotografia, alegou que gostaria de mostrar para o mundo como enxergava sua vida. A sua capacidade auditiva aumentou e através das ondas sonoras, seu cérebro consegue formar imagens cerebrais. É bem parecido com o Demolidor (personagem da Marvel). Por esse motivo faz seus ensaios em lugares escuros e em cada foto, deixa o obturador da câmera aberto para que possa ir conduzindo a entrada da luz. Isso faz com que a foto fique trêmula, mas com sua alta capacidade sonora, ele consegue sentir quando a luz bate no (a) modelo e de forma surreal, ele consegue conduzir a luz e formar a foto. Eckhert diz que “a arte não é um hobby, é uma obsessão”. Isso dá um aspecto único e muito reflexivo quando se trata de deficientes visuais. O próprio Eckhert faz o trabalho de revelação na pós-produção, é simplesmente incrível e inspirador. Seu processo artístico rendeu trabalhos na revista playboy e para o lançamento de um carro da Volkswagen.

Henry Butler, já falecido, viveu em New Orleans - Lousiana. Começou sua vida artística como músico, fez-me lembrar do Stevie Wonder. Digitando o seu nome em qualquer plataforma streaming, aparecerá diversas canções. Quando criança foi diagnosticado com Glaucoma Infantil e perdeu sua visão. Na vida adulta, já morando sozinho, perdeu todos os seus equipamentos porque foi vítima da devastação do furacão Katrina. Na época alguns amigos influenciaram com quadros e exposições artísticas. Quando eles explicavam a manifestação artística, ele ficava deslumbrado, foi onde teve a ideia de se tornar fotógrafo.  Uma de suas amigas (Andrea), ajudou com isso, toda vez que andavam pelas ruas de New Orleans, Butler pedia para ela descrever como era o cenário que estavam. A regra era uma só, se ele se sentisse bem com o contexto, com as coordenadas da amiga, tirava foto. Essa atitude rendeu diversas fotos e na época chamou atenção de diversos jornais e revistas.

Bruce Hall, diferente dos demais, ainda possui 5% da sua visão. Com isso, ele tem a vantagem de usar óculos especiais que facilita sua caminhada e lupas para mexer no computador e realizar leitura. Hall, nasceu em Laguna Beach - Califórnia. Nasceu com um nervo ótico que nunca se desenvolveu e isso fez com que seu cérebro não recebesse uma visão certa. Desde cedo começou a fazer mergulho, que é uma de suas paixões. Ele ficava encantado com a sensação de estar de baixo d’água, mas não conseguia explicar o que enxergava. Foi quando resolveu comprar uma câmera aquática para registrar o que enxergava enquanto mergulhava. A fórmula é a mesma, se a sensação for boa, a foto é garantida. Através disso conheceu diversos animais aquáticos e hoje em dia é um nadador profissional. Um detalhe bem interessante é que Hall, tem um filho que sofre de autismo. A forma que Hall consegue acalmá-lo é quando começa a tirar foto dele. É uma forma de combinação entre o caos e desordem: Um fotógrafo que não pode ver e uma pessoa que é fora de controle.  O filho fica calmo e se diverte com o pai quando tem uma câmera por perto.

Essas histórias me fortalecem, principalmente, por sempre ter acreditado que as coisas que não podemos enxergar são as mais verdadeiras e as que tornam nossas vidas melhores. O maior exemplo disso é o processo criativo do Henry Butler. Se suas fotos são tiradas quando ele se sente bem, alguma coisa dentro dele faz com que registre momentos felizes. Pode ser um pouco contraditório, mas, na minha opinião, a felicidade é um estado momentâneo assim como a tristeza, isso significa que seus resultados fotográficos pode ser uma coisa que represente a felicidade. Outra forma que me fez admirá-lo mais, é saber que também é músico. Isso significa que a multipotencialidade é uma coisa que é capaz para todos, até mesmo para um deficiente visual.  

A criatividade é uma coisa que todos nós podemos ter acesso, mas o que mais me impressiona é quando ela acontece de  forma sobrenatural. Esse documentário é só mais um exemplo que me faz confiar nos meus instintos e na energia que nos rodeia.

Essa energia é a maior fonte da criatividade!

E para finalizar, registrem a vida minha gente. É um favor que já estamos fazendo para o nosso futuro!


 


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